O Monte de São Brás, outrora integrado no conjunto urbanístico da Quinta de Santa Cruz do Bispo é, certamente, o lugar mais pitoresco e de mais raro valor histórico, cultural e religioso da freguesia, para não dizer até do Concelho de Matosinhos. Constitui seu património duas capelas, a de Nossa Senhora do Livramento e São Brás e do Mártir São Sebastião, ligadas entre si por uma ponte que atravessa a estrada pública, e a famosa estátua do “Homem da Maça” e seu “bicho” de pedra.
Foi reedificada em 1880 pela Viscondessa de Santa Cruz do Bispo, figura benemérita de São Brás e da Freguesia, pelo lugar de relevo que lhe cabe no desenvolvimento de Santa Cruz do Bispo.
O seu enquadramento é rural, isolado, no cimo do Monte de São Brás, e implanta-se num adro com plataforma arborizada, sobre a rua do Monte de São Brás, antecedida por uma enorme escadaria de três lanços. Nas proximidades, existe uma rua de acesso à estátua do Homem da Maça. Do lado oposto e separado por uma pequena ponte sobre a rua de São Brás, situa-se o adro da Capela de São Sebastião. A Capela apresenta nas fachadas laterais e nas traseiras bancos corridos de granito, interrompidos apenas pelas portas.
LENDA DO HOMEM DA MAÇA
Num outeiro sobranceiro da freguesia de Santa Cruz do Bispo e entre as capelas de Nossa Senhora do Livramento e São Brás e a do Mártir São Sebastião, foi encontrada, há recuados tempos, uma avantajada e grosseira escultura em granito, a que o vulgo se habituou a chamar o “Homem da Maça”.
Trata-se muito provavelmente da figura de um antigo guerreiro, a julgar pela vestidura, cinturão, joelheiras e presumível couraça, que o cingem. Junto apareceu uma outra figura, representativa de um leão, olhando à sinistra, de fauces arreganhadas. Esta escultura zoomórfica parece tratar-se de uma obra medieval, apresentando grandes semelhanças com as bases dos sarcófagos medievais que ainda hoje podemos admirar na igreja do mosteiro de Leça do Balio.
Reza a lenda que um mocetão que vindo de maçar o linho, se viu perseguido por um animal feroz. Vencendo-o com a maça de maçar o linho, ficou no imaginário popular como uma alegoria do homem viril, forte, casamenteiro, a quem as donzelas e os casais recorrem para o casamento ou para conseguir um filho varão. Esta lenda faz parte da tradição da Romaria a São Brás e do “Homem da Maça” – que se festeja a 2, 3 de Fevereiro e primeiro domingo seguinte.
CAPELA DO MÁRTIR SÃO SEBASTIÃO
A Capela do Mártir São Sebastião é uma construção do século XVI e está relacionada com o conjunto das edificações empreendidas por D. Rodrigo Pinheiro, o grande Bispo fundador da Quinta de Santa Cruz do Bispo, que na frontaria ostenta o escudo de armas dos Pinheiros.
Implanta-se numa plataforma no cimo de um pequeno morro arborizado. A ligação entre esta plataforma e o Monte de São Brás é uma pequena ponte de acesso. É uma construção simples em granito e tem a particularidade de possuir um altar-mor em talha, de arte popular.