A FREGUESIA DE SANTA CRUZ DO BISPO tem lugares com muita história, como é o caso da Igreja Paroquial, a Quinta dos Bispos com o seu Portão Nazoni, o Monte de S. Brás, a Capela de N.ª Sr.ª da Guia e a Ponte do Carro.


A IGREJA PAROQUIAL

Supõem-se que a igreja fora anteriormente da apresentação de duas famílias, D. Pedro Pelágio e D. Mendo, sendo desapossadas pela Infanta Dona Mafalda. Entre 1238 e 1247, vinte e seis doações foram feitas por padroeiros da Igreja de Santa Cruz.

Igreja constituída por capela-mor, corpo da igreja de uma só nave e coro alto. Tem cinco altares: dois altares colaterais, tendo do lado da Epístola a imagem de N.ª Sr.ª da Saúde, do lado do Evangelho a imagem de N.ª Sr.ª de Fátima; dois altares laterais, tendo do lado da Epístola o Sagrado Coração de Maria, do lado do Evangelho o Sagrado Coração de Jesus.

A Igreja foi reformada entre os anos 1757 e 1766, pelo bispo do Porto. É uma igreja de uma nave, cuja padroeira é a exaltação da Santa Cruz.

Atualmente a Paróquia está a cargo do Rev. P. João Matias Valente Azevedo

 

 

MONTE DE S. BRÁS E "HOMEM DA MAÇA"

MONTE DE S. BRÁS

Constitui seu património duas capelas, a de N.ª Sr.ª do Livramento e S. Brás e do Mártir S. Sebastião, ligadas entre si por uma ponte que atravessa a estrada pública, e a famosa estátua do "Homem da Maça" e seu "bicho" de pedra.

Lenda do Homem da Maça

O Povo chamou-lhe "Homem da Maça", fundamentado na história de um mocetão que vindo de maçar o linho, se viu perseguido por um animal feroz. Vencendo-o com a maça de maçar o linho, ficou no imaginário popular como uma alegoria do homem viril, forte, casamenteiro, a quem as donzelas e os casais recorrem para o casamento ou para conseguir um filho varão. Esta lenda faz parte da tradição da Romaria a S. Brás e do "Homem da Maça" - que se festeja a 2, 3 de Fevereiro e primeiro domingo seguinte.

Capela do Mártir S. Sebastião

A Capela do Mártir S. Sebastião é uma construção do séc. XVI e está relacionada com o conjunto das edificações empreendidas por D. Rodrigo Pinheiro, o grande Bispo fundador da Quinta de Santa Cruz do Bispo, que na frontaria ostenta o escudo de armas dos Pinheiros. 

É uma construção simples em granito e tem a particularidade de possuir um altar-mor em talha, de arte popular.

Capela de N.ª Sr.ª do Livramento

A Capela de N.ª Sr.ª do Livramento é uma construção do séc. XVII e está relacionada com o conjunto de edificações empreendidas por D. Rodrigo Pinheiro, o grande fundador da Quinta de Santa Cruz do Bispo.

Foi reedificada em 1880 pela Viscondessa de Santa Cruz do Bispo, figura benemérita de S. Brás e da Freguesia, pelo lugar de relevo que lhe cabe no desenvolvimento de Santa Cruz do Bispo.

Tem a particularidade de possuir um altar-mor em talha, de arte popular e antigo.

 


A QUINTA DOS BISPOS

O Bispo D. Rodrigo Pinheiro, entre 1552-1572, estabeleceu nas margens do Rio Leça a mais famosa estância de repouso e meditação dos prelados portuenses.

O edifício principal da vivenda prelatícia foi delineada pelo próprio Bispo na idade de 70 anos. Durante um decénio, ergueu-se o conjunto arquitetónico e paisagístico da mansão episcopal: trabalhos de granito, ermidas, fontes de pedraria, luxuriosa vegetação, etc.. A dedicação e zelo pela Quinta foi para o seu fundador ocasião para acerbas críticas, preferindo alguns que, no local, se construísse um Seminário. A um amigo fez o Bispo a seguinte confidência: "Não tenho ânimo de a (Quinta) edificar para mim ou para os meus senão para os Bispos meus sucessores, pelos quais temo este trabalho."

A Quinta era de tal grandeza que foi comparada com as mais belas propriedades de Espanha, Toscana ou Roma. 

Transformação da Quinta em Património Municipal: Posto Agrário a Colónia Penal
Em 1910, com o advento da República, o património da Quinta de Santa Cruz do Bispo passou definitivamente da Igreja para o Estado. Em 1913 foi cedida pelo Ministério da Justiça ao do Fomento para nela se instalar o Posto Agrário do Minho Litoral, dada a ampla superfície de terras aráveis, lameiros e arvoredos. O eng. agrónomo Augusto Leite Pereira Brittes Jardim foi, em 1916, o primeiro responsável por todos os serviços do Posto. Além da função específica, apareceu, de novo, um homem providencial que procurou reconstruir a Quinta de Santa Cruz do Bispo de modo a manter-se, quanto possível, o aspeto primitivo. Reparou por completo o arruado da entrada (Rua do Anjo), reconstruiu o jardim anexo à moradia, obedecendo a graciosas formas geométricas (esse maravilhoso jardim foi posteriormente destruído). Procedeu à reparação da parte principal das ruínas da velha casa senhorial antiportuguesa, sobrepujada pela arma dos Pinheiros (Palácio D. Mafalda), à reconstituição de fontes, cascatas, pórticos de granito, tanques entre os quais o “tanque da serpente”, consertou as escadarias como seja o efetuado no escadório rústico que liga aquele tanque com a majestosa cascata do “focinho de porco”, ensombrada por gigantescos castanheiros. Essa pitoresca queda de água foi posteriormente ornamentada com a construção de um lago, jardim e novos caminhos e estradas. Tudo isso permanece hoje me dia.
Há anos o organizador do Museu Grão-Vasco de Viseu, Francisco de Almeida Moreira, conseguiu licença para retirar e levar retábulos, crucifixos, azulejos, assim como valiosa coleção de tábuas setecentistas que pertenceram à Quinta de Santa Cruz do Bispo. Esse património artístico foi levado a título devolutivo. Existe, com efeito, documentos desse depósito no Cofre da Câmara de Matosinhos, podendo esta exigir a sua devolução.
Em 1939 transitou a Quinta, de novo, para o Ministério da Justiça, instalando-se aí a Colónia Penal. Realizaram-se as obras para adaptação a tal finalidade. Construiu-se o Pavilhão Prisional e outras dependências. Pelas adaptações realizadas, foram, infelizmente, alteradas as linhas arquitetónicas do Palácio D. Mafalda, tendo desaparecido a pedra de armas quinhentista, que recordava pelos séculos fora a figura do seu insigne fundador.

Portão Nazoni

De todos os portões, o da entrada, que mede 12,75 metros de comprimento, é uma obra arquitetónica de particular interesse. É uma versão maior dos portões com janelas laterais do Viso e Bonjóia, e apresenta dois elementos importantes na forma do arco central e na cultura do rico remate. É, com certeza, uma obra de Nicolau Nasoni. Para este arco Nasoni escolheu um perfil trilobado, repetindo, assim uma das características da arquitetura manuelina que sobreviveu na talha do fim do séc. XVII e começo do séc. XVIII. Este arco, segundo os críticos da arte, representa mais um indício e argumento sobre a influência da arte portuguesa do passado na arquitetura Nasoni. Da sua triple forma nasce o ritmo de toda a parte superior da grande portada, delimitada por uma moldura horizontal. No meio do arco levanta-se a faustosa pedra de armas do Bispo D. José Maria Fonseca e Évora, de forma caprichosa, rodeada de cordas.

 

 

CAPELA DE N.ª SR.ª DA GUIA

No Largo da Viscondessa, edificada em 1890, a expensas de D. Maria Dias de Sousa, Viscondessa de Santa Cruz do Bispo. No seu interior encontra-se a imagem (Séc. XV) de N.ª Sr.ª da Guia de policromada, pedra ançã.

A Viscondessa

D. Maria Dias de Sousa, a quem a freguesia conhece como Veneranda Viscondessa de Santa Cruz do Bispo, nasceu nesta terra em 30 de Dezembro de 1816. Descendia de família pobre e não sabia escrever. Casou em Santa Cruz do Bispo, a 24 de Fevereiro de 1837, com António Francisco Pereira, um marítimo que foi capitão da Marinha Mercante, conhecido por "Mirão". Não teve filhos.

Herdou avultada fortuna do Brasil, legada por seu tio José Dias de Sousa, falecido em Porto Alegre, em 1865.

Viveu a maior parte da sua vida no lugar da Ponte, da freguesia de Matosinhos, mas, com seu marido, esteve profundamente ligada à vida social e religiosa da sua terra natal. Nos livros paroquianos do seu tempo faz-se abundante referência do relacionamento com a freguesia que engrandeceu de um modo já mais ultrapassado.

Nos livros das Atas da, outrora, importante Confraria do SS. Sacramento encontra-se a ficha de inscrição, de Maria Dias de Sousa e seu marido, como irmãos honorários, admitidos em 15 de Dezembro de 1865. Foram também admitidos para a Irmandade de N.ª Sr.ª do Livramento, em 1866, como consta também do livro de atas desse tempo, assim como dos registos de Irmãos, sendo-lhes atribuídos os números 68 e 67 respetivamente.

A partir dessas datas reafirmaram de um modo cada vez mais influente a ligação com a vida da freguesia. Encetaram toda uma série de empreendimentos em benefício da Irmandade de N.ª Sr.ª do Livramento, quer da Igreja Paroquial, quer da Comunidade em geral. Os livros paroquiais e os documentos da irmandade zelosamente guardados no Arquivo da Paróquia. Pelos mesmos documentos conta que em 31 de Janeiro de 1885 faleceu o marido da Viscondessa, António Francisco Pereira, cujo nome continua visível nas lápides das capelas de N.ª Sr.ª da Guia e de N.ª Sr.ª do Livramento e em retratos a óleo na Sacristia e em S. Brás. Em ata de 5-2-1885, a Irmandade de N.ª Sr.ª do Livramento "manifesta voto de profundo sentimento, manda rezar missa na capela, manda distribuir esmolas aos pobres e manifestar à esposa, viúva, D. Maria Dias de Sousa, o respeito mais sagrado" (Cfr. P. 36). A mesma Irmandade não só considerou os seus benfeitores como sócios honorários como lhes atribuiu a categoria máxima de Juízes honorários.

 

 

PONTE DO CARRO

Ponte românica - importante eixo da ligação Porto - Guifões - Santa Cruz do Bispo - Lavra.

Ponte, do século XII, construída sobre o Rio Leça que liga a freguesia de Santa Cruz do Bispo a Guifões.
Em tempos terá tido um papel preponderante na vida económica e social da região, assim como foi passagem privilegiada dos peregrinos nos Caminhos de Santiago.